Principais resultados da Polícia Federal entre 2023 e 2024 foram apresentados pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues
O Governo Federal apresentou um balanço das ações e resultados da Polícia Federal (PF) no biênio 2023/2024. Entre os destaques está o crescimento de 70% na descapitalização do crime organizado. Em 2023, o prejuízo imposto às organizações criminosas foi de R$ 3,3 bilhões; já em 2024, esse número saltou para R$ 5,6 bilhões.
“Esses dados não apenas demonstram o êxito das operações, mas também o impacto direto na redução da capacidade de ação de facções criminosas em nosso país. Eles são resultado de um trabalho incansável, que se propõe não só ao combate ostensivo ao crime organizado, mas também à desarticulação das estruturas financeiras dessas organizações”, ressaltou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, frisou que o combate ao crime organizado só pode ser feito a partir do enfrentamento do poder econômico e da prisão das principais lideranças. “E é importante registrar que esse dado de R$ 5,6 bilhões, certamente, será ampliado porque nós fazemos a homologação e a confirmação de todas as nossas operações e inquéritos para que o valor que esteja contabilizado aqui seja um valor real, efetivo de bens apreendidos. Muitos bens ainda estão sob perícia, sob análise para a valoração e comporão, enfim, nos próximos dois ou três meses, o resultado final desse patrimônio descapitalizado do crime organizado”, declarou Andrei Rodrigues.
Lewandowski lembrou que no ano passado a Polícia Federal celebrou seus 80 anos e alcançou o reconhecimento da comunidade internacional quanto à competência da instituição no enfrentamento à criminalidade organizada, com a eleição do delegado federal Valdecy Urquiza como Secretário-Geral da Interpol. “Além disso, em 2024, a Polícia Federal também trouxe respostas importantes para o caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. A elucidação desses crimes, que por anos permearam a sociedade brasileira com a sensação de impunidade, foi mais uma vitória do trabalho diligente da Polícia Federal”, disse o ministro.
“A Polícia Federal é uma instituição que, ao longo dos últimos 80 anos, tem se consolidado como uma verdadeira força republicana, profissional e altamente preparada para enfrentar os mais diversos desafios que surgem no campo da segurança pública”, assinalou Lewandowski.Atuação federal gerou prejuízo de R$ 5,6 bilhões ao crime organizado em 2024
INTEGRAÇÃO — Andrei Rodrigues também apontou a expansão das bases Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado). “São unidades coordenadas pela Polícia Federal que integram as Polícias Federais, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal Federal, as Polícias Estaduais e, muitas vezes, também as Guardas Municipais, que apoiam, dentro das suas atribuições, essas nossas unidades nos 27 estados. Nós tínhamos 27 bases Ficco em 2023, hoje temos 33 funcionando, ou seja, todos os estados brasileiros têm essa metodologia, que tem boa parte do financiamento proveniente do Ministério da Justiça e Segurança Pública”, afirmou. Essas unidades registraram 222 operações, retirada de R$ 388 milhões do crime organizado, mais de mil prisões e quase 2 mil mandados de busca e apreensão.
REPRESSÃO AO TRÁFICO — Quanto à repressão ao tráfico de drogas, houve o crescimento de todos os indicadores da Polícia Federal. Entre eles estão: alta de 2,7% na apreensão de cocaína, ultrapassando 74 toneladas; e de 15% na apreensão de maconha, totalizando quase 480 toneladas.
ARMAS — “Em relação ao controle de armas, nós tivemos uma redução do registro de armas de fogo e uma redução também da concessão de porte de armas de fogo, seguindo a política pública determinada pelo Estado brasileiro, que nós somos os cumpridores”, informou Rodrigues.
INVESTIGAÇÕES — A Polícia Federal aumentou em 9% o volume de inquéritos instaurados, passando de 44.566 em 2023 para 48.732 em 2024. E elevou em 14% o número de pessoas indiciadas, saindo de 33.350 em 2023 para 38.162 no ano passado. “Mesmo com esse grande volume de instauração, maior ainda que em 2023, nós reduzimos o nosso acervo de inquéritos, haja vista a conclusão de investigações com maior celeridade, e reduzimos o prazo de duração das investigações. E temos essa cifra muito significativa, de 86% de solução dos nossos inquéritos policiais, quando, infelizmente, a média das polícias judiciárias dos estados não chega a 15% de solução”, comentou o diretor-geral.
PRISÕES EM FLAGRANTE — Também foi registrado crescimento nas prisões em flagrante, totalizando 9,6 mil pessoas presas em flagrante no ano passado. Além disso, quase 3 mil operações policiais foram homologadas — alta de 9% em relação ao período anterior.
MEIO AMBIENTE — Na área de combate aos crimes ambientais, o diretor-geral da PF indicou que houve redução de 30% nas áreas de desmatamento, atingindo 11,5 mil km² no ano passado. Esse resultado, avalia Rodrigues, é fruto de “uma grande integração e esforço no trabalho da Polícia Federal, uma diretoria nova, criada em 2023, que é a diretoria de Amazônia e Meio Ambiente, onde nós também, junto com os estados, órgãos ambientais federais e estaduais, conseguimos resultados bastante relevantes”.
AMAS — No âmbito do Programa Amazônia Mais Segura (Amas), houve o repasse de R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para o o Ministério da Justiça e Segurança Pública, sendo R$ 151 milhões para fortalecer a atuação da PF. Ao todo, R$ 71 milhões já foram empenhados pela instituição. Ainda em 2024, foram instaurados 5.690 inquéritos policiais sobre temáticas ambientais e 1.322 pessoas foram indiciadas por crimes ambientais. Já no primeiro semestre de 2025, a PF pretende inaugurar o Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI-Amazônia) em Manaus.
FRONTEIRAS — O diretor-geral da PF também abordou o empenho da instituição para ampliar a atuação de maneira integrada nas fronteiras. “São mais de 400 operações, mais de 2 mil mandados de busca e apreensão cumpridos, várias prisões preventivas e temporárias em todos os estados de fronteira em que nós atuamos. Inclusive, muitas dessas operações com cooperação internacional com os países vizinhos”, resumiu.
CIBERCRIMES — Já sobre os crimes cibernéticos, Rodrigues pontuou que eles são um desafio não só para a Polícia Federal, mas para todas as polícias do mundo. “Nós temos, também, o orgulho de dizer que assinamos um acordo e a Polícia Federal forneceu para Portugal o nosso sistema, que é o Sistema Rapina, de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. Já há outros 11 países interessados nessa ferramenta que já disponibilizamos também para vários estados aqui do Brasil com treinamento, capacitação e essa coordenação operacional que fazemos”, afirmou.