Investimentos bilionários, cultura, meio ambiente e segurança: visita de Lula à França celebra compromissos em diversas frentes

Visita de Lula foi a primeira de um chefe de Estado brasileiro à França em 13 anos e representa a retomada das relações entre as duas nações, iniciada em 2023 e estreitada a partir da visita do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil, em 2024

Foram quatro dias de compromissos, reuniões, agendas culturais e políticas, e de discussões fundamentais para o presente e o futuro das relações entre Brasil e França. A terceira visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país foi relevante sob vários aspectos. A Torre Eiffel iluminada com a bandeira do Brasil demonstrou a dimensão dos encontros de Lula com o presidente da França, Emmanuel Macron. E o maior resultado da visita virá ao longo dos próximos cinco anos: 15 dos maiores investidores franceses que já operam no Brasil anunciaram a intenção de investir R$ 100 bilhões até 2030 no país.

“É preciso que a gente aprenda que um dos papéis do presidente é fazer com que as coisas aconteçam”, disse o presidente Lula ao anunciar os investimentos franceses no Brasil. “[O papel] não é negociar, é criar condições para que nossos empresários, os empresários dos países que a gente visita, possam se encontrar, se conhecer, trocar ideias, construir parcerias”.

É preciso que a gente aprenda que um dos papéis do presidente é fazer com que as coisas aconteçam. Não é negociar, é criar condições para que nossos empresários e os dos países que a gente visita possam se encontrar, se conhecer, trocar ideias, construir parcerias”Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

Esta foi a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro à França em 13 anos. Desde 2023, as relações entre os dois países passam por amplo processo de retomada, estreitada pela visita do presidente Emmanuel Macron ao Brasil em 2024, quando ele conheceu a Amazônia, e ratificada por esta visita de Lula.

Anteriormente, Lula havia visitado a França em 2005 e em 2009, durante as presidências de, respectivamente, Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy.

VISÃO CONJUNTA – O compromisso de Brasil e França de trabalharem em conjunto para fortalecer relações em áreas como proteção à biodiversidade, comércio exterior, cultura e defesa da democracia e da paz. A declaração à imprensa integrou um dos primeiros compromissos oficiais de Lula na visita de Estado. Foram reforçadas as relações bilaterais e a necessidade do humanismo a serviço do progresso.

O presidente Lula ressaltou seu otimismo para firmar acordo entre Mercosul e União Europeia em declaração após reunião com Macron e defendeu que agricultores discutam termos que ainda são desafio ao aval francês e enfatizou que o acordo entre Mercosul e União Europeia será referendado durante a presidência do Brasil no bloco regional, no segundo semestre de 2025.

Lula reforçou seu intuito de assinar um acordo igualmente benéfico para pequenos produtores brasileiros e franceses, por exemplo. “O que eu quero é que os pequenos produtores franceses se juntem com os pequenos produtores brasileiros para a gente saber qual é a diferença, qual é a similaridade que existe entre nós”, disse. “Vou repetir ao meu querido companheiro Macron: eu tenho seis meses de mandato no Mercosul. Quero dizer que deixarei a presidência do Mercosul com o acordo União Europeia e Mercosul firmado. E com o companheiro Macron participando da assinatura, para que seja uma boa fotografia”, disse o líder brasileiro. “Abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul. É a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário”, disse Lula.

 CONSELHO EUROPEU E PRÍNCIPE — Em Mônaco, Lula participou de almoço de trabalho com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, para reforçar a convicção brasileira na aprovação do acordo Mercosul – União Europeia. Eles também trataram da parceria para a COP30, que ocorrerá em Belém (PA), no fim do ano. Antes de discursar no encerramento do Fórum de Economia e Finanças Azuis, ele se encontrou com o Príncipe de Mônaco, Alberto II, para também tratar do acordo entre os dois blocos econômicos.

GAZA — Em Paris, o presidente brasileiro fez discurso emocionado ao falar sobre a situação dos palestinos e disse que a humanidade precisa se indignar diante da morte de crianças e mulheres inocentes. Lula voltou a dizer que é preciso uma reformulação do Conselho de Segurança da ONU. “A ONU de hoje não pode ser a ONU de 1945. A ONU de hoje tem que ter o continente africano participando, o continente sul-americano participando, o continente latino-americano. Tem que ter países importantes, como a Alemanha, como o Japão. Por que a Índia está fora?”

LEGITIMIDADE – Para o líder brasileiro, a Organização das Nações Unidas precisa ter força para determinar a legitimidade do território palestino. “É preciso que a mesma ONU que teve autoridade para criar o Estado de Israel tenha autoridade para preservar a área demarcada em 1967 (para a Palestina). É importante que as potências mundiais deem logo um basta nisso. Não pode a ONU ficar falando sobre um cessar-fogo e não se respeita o cessar-fogo”, defendeu Lula.

UCRÂNIA — Os dois presidentes também se posicionaram sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia e defenderam as negociações para encerrar o conflito. “O Brasil, desde o começo dessa guerra, se posicionou contra a ocupação territorial no território ucraniano e, ao mesmo tempo, se posicionou contra a guerra. A guerra não constrói nada. Ela destrói. A parte mais sagrada que é destruída não volta, que são os seres humanos que morreram. Então, eu continuo com essa posição”, afirmou Lula.

“Há um agressor, a Rússia, um agredido, a Ucrânia. Todos queremos a paz, mas os dois não podem ser tratados em pé de igualdade. Americanos, brasileiros, chineses, indianos, devemos todos fazer pressão sobre a Rússia para que ela ponha um termo a esta guerra, a este conflito, que possa ser negociada uma paz robusta e que a guerra não possa voltar”, declarou Emmanuel Macron.

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