Pandemia deve gerar aumento dos transtornos emocionais no Brasil, que já é campeão no ranking internacional de transtorno de ansiedade. Cresce procura por terapias como constelação familiar e arteterapia, usadas para se buscar o equilíbrio
A saúde mental tem levantado preocupações mundo afora. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o primeiro no ranking internacional de países com o maior número de pessoas com transtorno de ansiedade – são 18,6 milhões de brasileiros. O país é também o quarto com maior número de pessoas com depressão. Dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão.
Análise especial do Mapa Assistencial, publicada no final do ano passado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), aponta que nos últimos cinco anos o número de consultas com psiquiatras passou de 3,4 milhões para 4,9 milhões, um crescimento de 44,5%. Em outros atendimentos ambulatoriais, o total de sessões com psicólogos quase dobrou no período, indo de 9,1 milhões para 17,6 milhões, uma diferença de 93,8%. E as consultas com terapeutas ocupacionais avançaram de 818,6 mil para 1,9 milhão – alta de 137,8%.
Muitas pessoas também têm buscado métodos alternativos para alcançar o equilíbrio emocional, que está diretamente ligado à saúde mental. A terapeuta Cris Hirata atende no Espaço Equilíbrio, no centro clínico do Órion Shopping, junto à equipe da psiquiatra Elen Oliveira, e é especialista em constelação familiar, uma prática terapêutica que pressupõe que conflitos familiares estão originados em emaranhamentos nas gerações anteriores do indivíduo. “As pessoas tomam consciência da origem de seus problemas, que muitas vezes estão na reprodução de padrões familiares. Então buscamos transformar as raízes em força, ao invés de correntes”, ressalta a especialista.
Cris, que atua há três anos na área de terapias holísticas, também faz sessões de renascimento, que busca o resgate de memórias intra uterinas através de técnicas de respiração; barras de access, cujo objetivo é desbloquear pontos de energia acumulada causados por traumas, dramas e padrões de pensamento e sentimento limitantes por meio do toque em 32 pontos na cabeça; e ainda thetahealing, uma técnica de cura energética em que ondas cerebrais theta são acessadas para alcançar um profundo relaxamento e reprogramação de crenças limitantes.
Para a terapeuta, com essas técnicas é possível ter mais equilíbrio emocional. “Cada uma traz mais consciência de que somos um todo e de que precisamos tratar além do corpo físico, também da nossa mente, nossa energia e do que está oculto no inconsciente. É possível ter nova postura, descobrir sobre pertencimento, hierarquia e equilíbrio nas relações de troca, que são as bases para uma vida mais harmoniosa e feliz. A pessoa sai do automático e toma as rédeas da vida após identificar o que está causando bloqueios e problemas. Somos capazes de ressignificar e transformar profundamente nossas vidas”, salienta Cris Hirata.
Arte como instrumento de cura
Arteterapia é uma prática terapêutica cujo objetivo é auxiliar a pessoa na prevenção, recuperação e promoção da saúde por meio da arte, criatividade e imaginação, utilizando linguagens artísticas como pintura, desenho, música, contos, modelagem, colagem, criação de personagens dentre outras. A terapia está inserida nas Práticas Integrativas e Complementares (PICS) do SUS desde 2017. Essa é a especialidade da arteterapeuta Jaqueline Comazzi Lemos de Oliveira, membro da Associação Brasil Central de Arteterapia (ABCA), que atua na área há dez anos e desde 2018 também possui um consultório no centro clínico do Órion Complex.
“Muitos desconhecem a metodologia e acham que precisam saber desenhar para fazer o tratamento, o que é um engano. A pessoa não precisa ter habilidade artística, porque não é uma aula de artes e não existe um julgamento de estético. É um processo terapêutico para expressar emoções que envolve a tríade: arteterapeuta, produção artística e cliente. Pela manipulação dos materiais, como tinta, lápis de cor, argila, por exemplo, ela terá contato com seu eu interior pela linguagem expressiva trazendo a tona de forma lúdica, conteúdos e desconfortos de difícil comunicação apenas em palavras ”, explica Jaqueline, que depois da produção artística, faz com a pessoa em tratamento uma análise das imagens e símbolos ampliando percepções do seu mundo interno e externo, contribuindo para melhora da autoestima, autoconfiança e autonomia.
Ela também realiza outros tipos de tratamentos, como o barra de access; o reiki, que consiste na imposição de mãos para transferência de energia alinhando os centros de energia do corpo, conhecidos como chakras; e a abordagem integrada da mente (AIM), uma imersão no inconsciente e nas memórias biográficas. “Todas técnicas tem como objetivo o autoconhecimento, a busca pela sua essência do ser favorecendo o equilíbrio físico, mental e emocional. Essas práticas integrativas também podem ser associadas às terapias tradicionais colaborando para a saúde integral, o bem estar e qualidade de vida das pessoas”, salienta.
Jaqueline conta que com o período de isolamento social houve uma maior procura por suas técnicas, tanto de seus clientes quanto de novos. “Nesse momento houve o indivíduo foi convidado a fazer um ajustamento criativo frente às incertezas. Algumas pessoas estão com medo do amanhã, não estão sabendo lidar com o desconhecido, e sentem o peso do momento, muito estresse e ansiedade. Então elas precisam buscar se fortalecer e nem sempre conseguem sozinhos, portanto, o auxílio de um profissional qualificado é fundamental para ajudar na compreensão desse momento, criando novos meios para lidar com os desafios, aumentando assim a capacidade de resiliência, desenvolvendo relações mais harmoniosas consigo mesmo e com o mundo que o cerca”, afirma a arteterapeuta.