Diante da proliferação de kits covid que prometem combater e tratar o novo coronavírus, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO) cumpre o seu papel de orientar a sociedade e alertar que não há comprovação científica da eficácia de qualquer medicamento capaz de evitar a infecção pela covid-19. O CRF-GO teme ainda que o uso desses kits e suas promessas milagrosas de proteção e cura possam provocar o relaxamento das medidas que são comprovadamente eficazes contra a disseminação da doença: o distanciamento social, o uso de máscara e a constante higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel.
“Medicamento não pode ser usado por fé ou paixão, mas por comprovação científica”, explica o diretor secretário do CRF-GO, Daniel Jesus, que é professor e mestre em farmacologia. Por isso, o CRF-GO não recomenda o uso de qualquer medicação sem o devido diagnóstico da doença, orientação médica e acompanhamento dos sintomas.
Cada caso deve ser cuidadosamente avaliado de forma individual, pois os sintomas variam de pessoa a pessoa. Há casos assintomáticos, quando o paciente não apresenta qualquer sintoma; casos leves, que podem ocasionar dor de cabeça, dor de garganta, coriza, diarreia, cansaço, tosse; e outros mais graves que podem evoluir para problemas respiratórios, principalmente nos grupos de risco, que inclui idosos, cardíacos, hipertensos, diabéticos e obesos.
O CRF-GO é contra o uso indiscriminado da invermectina, que foi apenas testada in vitro contra o vírus Sars-Cov-2 e não teve sua eficácia comprovada clinicamente, e alerta que a administração indevida pode causar neurotoxidade ou danos ao Sistema Nervoso Central. Também não recomenda, a não ser sob prescrição médica, o uso da hidroxicloroquina, que perdeu até sua homologação no FDA (Food and Drug Administration, em inglês) nos Estados Unidos devido aos efeitos colaterais que podem provocar arritmia cardíaca.
O Conselho reafirma seu compromisso com a ciência e volta a alertar contra a automedicação, hábito tão comum entre brasileiros, e contra as fake news, que só agravam a sensação de insegurança e incertezas da população com a viralização de informações inverídicas. Somente a vacina trará a cura para a covid-19 e muitos avanços estão sendo feitos na área. Até que a população não seja imunizada, profissionais da saúde devem se pautar por pesquisas clínicas, não apenas observacionais simples, mas randomizadas, vetorizadas e feitas por especialistas habilitados em pesquisas.