A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) captou mais de R$ 2,2 milhões no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para investimento em ações preventivas contra a gripe aviária (Influenza Aviária de Alta Patogenicidade – IAAP) em Goiás. Esse é o primeiro convênio firmado em 2024 entre a Agência e o Mapa, que contemplou ainda estados afetados pela presença do vírus.
O foco são medidas para mitigar a entrada da doença em Goiás, uma vez que, até o momento, o estado não identificou gripe aviária nos plantéis goianos, enquanto outros locais, como Mato Grosso do Sul, já registraram casos.
Atualmente, o Brasil vive o status de emergência sanitária em relação à doença, o que levou o Mapa a liberar recursos para prevenção e combate à influenza aviária em território nacional.
“Entendemos a gravidade da entrada de um vírus com esse poder de letalidade de nossos plantéis em solo goiano. Ocupamos a quinta posição em produção comercial da carne de frango. E a preservação da sanidade dos nossos plantéis, bem como a manutenção financeira dos produtores, fazem parte dos nossos objetivos”, explica o diretor de Defesa Agropecuária, Augusto Amaral.
De acordo com mapeamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado dos últimos três trimestres (1º ao 3º trimestre de 2023), foram abatidos para comercialização 371,8 milhões de cabeças de frango em Goiás. O número corresponde a 7,8% de toda produção nacional.
Na produção de ovos, foram contabilizados 57,3 milhões de dúzias, colocando Goiás em 8º lugar no ranking nacional, no terceiro trimestre de 2023.
“É uma cadeia produtiva extremamente importante para a economia goiana e, por isso, é necessário a adoção de medidas para mitigar a introdução da influenza aviária em Goiás”, enfatiza Augusto.
Plano de ação da agrodefesa
Conforme explica o diretor de Defesa Agropecuária da Agrodefesa, a destinação do recurso federal tem duas vertentes, sendo a primeira para ações preventivas, enquanto a segunda é reservada para caso o vírus adentre as fronteiras goianas, o que requer agilidade máxima na sua identificação e mitigação.
“Neste primeiro momento, vamos direcionar recursos para aquisição de equipamentos de proteção individual, veículos modelo pickups que facilitam o transporte de profissionais e equipamentos nas ações em campo, tendas para montar barreiras sanitárias e equipamentos que protejam de forma mais eficiente nossa equipe laboratorial que faz a triagem das amostras suspeitas para enviar ao laboratório autorizado pelo Mapa para serem testadas”, detalha Augusto.
Há a intenção de se adquirir o equipamento que faz o diagnóstico da Influenza Aviária via PCR para que o Laboratório de Análises Veterinárias da Agrodefesa (Labvet) possa realizar a testagem em solo goiano, otimizando o tempo de resposta dos testes. Atualmente, essa análise é feita em laboratório oficial de referência do Mapa.
“A rapidez na análise das amostras fará toda a diferença diante da identificação do vírus, porque quanto mais rápido agirmos no seu combate, menor será o seu poder de disseminação entre outras aves”, destaca.
O diretor de Defesa Agropecuária explica ainda que, antes mesmo de o recurso chegar, a agência já se dedicava a ações de vigilância ativa tanto em propriedades de subsistência quanto de criação comercial. O trabalho de visitação em granjas cadastradas para constatar o nível de estrutura física e de procedimentos de biossegurança adotados já estava na rotina dos fiscais agropecuários.
“Enviamos para a Casa Civil o pedido de prorrogação do estado de emergência estadual contra a gripe aviária que acaba no final de janeiro. Pedimos a prorrogação por mais 180 dias”, adianta.
Todos os casos suspeitos mapeados pela Agrodefesa foram descartados até agora. E, mesmo com todo trabalho preventivo realizado, o diretor alerta que as rotas migratórias de aves selvagens podem fazer com que o vírus seja inserido em solo goiano a qualquer momento.
“Estar vigilante e preparado para enfrentá-lo é a melhor solução neste caso”, defende.
Gripe aviária
Até o dia 8 de janeiro de 2024, 151 investigações realizadas pelo Mapa tiveram resultado laboratorial positivo para vírus da Influenza Aviária no país, conforme definição de caso da Ficha Técnica da Influenza Aviária. Cada foco é uma unidade epidemiológica na qual foi confirmado pelo menos um caso da doença.
Desse total, 148 foram em animais silvestres e três em aves de subsistência. Os registros positivos ocorreram nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Mesmo representando uma grande perda financeira aos produtores de aves, quando o vírus é identificado, o resultado é a eliminação de todo o plantel.