Diarista e mãe solo na capital federal, Tânia Serra investe os recursos do programa para apostar na educação e na alimentação do filho em busca de reescrever a história familiar
Arthur Araújo, de 11 anos, é o orgulho da diarista Tânia Maria Serra. Ótimo aluno, ele não falta um dia sequer às aulas no Centro de Ensino Fundamental Cerâmica São Paulo, em São Sebastião, no Distrito Federal. Fã de ciências e da área de saúde, ele sonha cursar medicina e se tornar pediatra quando tiver chance de chegar ao ensino superior.
Eu me esforço bastante pra que ele esteja na escola. Ele é ótimo aluno, não falta um dia sequer. O estudo é tudo para ter uma garantia de futuro melhor pra ele. É muito, muito importante o estudo para o meu filho”
Tânia Maria Serra, beneficiária do Bolsa Família em São Sebastião (DF)
Para garantir que ele se mantenha focado e preparado para aprender o que precisa, a mãe solo usa os recursos que recebe do Bolsa Família para complementar a renda das diárias faz ao longo do mês. Com isso, amplia o cardápio da casa e mantém em dia o material escolar necessário para o menino seguir adiante.
“Eu me esforço bastante pra que ele esteja na escola. Ele é ótimo aluno, não falta um dia sequer. O estudo é tudo para ter uma garantia de futuro melhor pra ele. É muito, muito importante o estudo para o meu filho”, resumiu Tânia.
Em junho, ela ganhou um adicional aos R$ 600 que já recebia do programa de transferência de renda do Governo Federal. O Bolsa Família passou a pagar o Benefício Variável Familiar, um extra de R$ 50 a cada criança e adolescente de sete a 18 anos na composição familiar e para gestantes.
Com isso, subiu para R$ 650 o repasse mensal a que ela tem direito. “Já dá para ajudar um pouquinho a mais no material escolar, né? Foi muito bom acrescentar esses R$ 50”, comentou.
No Distrito Federal, 171 mil famílias recebem o Bolsa Família em junho. Nesse universo, há 143 mil pessoas, entre gestantes, crianças e adolescentes, que recebem o adicional de R$ 50. O pagamento teve início na segunda, 19/6, e segue até o dia 30 (confira o cronograma).
ATÉ ACHOCOLATADO – No campo da nutrição, a segurança dos R$ 650 mensais significou também frutas e até achocolatado na cozinha de Tânia. “Agora a gente está comendo mais frutas, verduras. Dá para comprar um pouquinho a mais toda semana. Está dando para um leite e até o Nescau, coisa que criança na idade dele gosta, mas que geralmente a gente vai ao mercado e acha caro. Hoje a gente está se dando ao ‘luxo’”, disse.
CONTADINHO – O orçamento de Tânia é contadinho. Ela vive numa casa alugada – em uma rua sem asfalto, com esgoto a céu aberto e água de poço – no Morro da Cruz, uma ocupação em São Sebastião, na periferia da capital federal. Ela paga R$ 500 de aluguel. Além das diárias, recebe, de vez em quando, a pensão alimentícia enviada pelo ex-marido (“quando ele resolve mandar”).
“O que tiro nas diárias, na verdade, mal dá para o básico. Até porque crianças necessitam de outras coisas. Por isso o Bolsa Família é tão importante. É uma peça de roupa, um calçado e para comprar água. Não dá para beber a água do poço, a gente não arrisca porque não sabe, né?”.
RECORDE – O novo Bolsa Família atinge em junho dois patamares inéditos: pela primeira vez o valor médio do benefício supera a casa dos R$ 700 e chega a R$ 705,40. Os repasses do Governo Federal também são os maiores já realizados: quase R$ 15 bilhões. Os pagamentos tiveram início nesta segunda, 19/6, para beneficiários com final 1 no Número de Identificação Social (NIS), e seguem até o dia 30.
O total de famílias manteve-se no patamar de maio: 21,2 milhões. O número de pessoas contempladas supera 54 milhões. O aumento no valor médio (que em maio foi de R$ 672,45, até então o recorde) e no total de repasses (no mês passado, R$ 14,1 bilhões) se deve à estreia de uma nova categoria do programa.
O Benefício Variável Familiar assegura um adicional de R$ 50 a dependentes de sete a 18 anos e a gestantes integrantes da composição familiar. Em junho, são 15,7 milhões de contemplados, a partir de um repasse de R$ 766 milhões. Nesse universo estão 943 mil gestantes (R$ 46 milhões) e 14,8 milhões crianças e adolescentes (R$ 720 milhões). Esses acréscimos garantem que 9,8 milhões de famílias beneficiárias do programa recebam mais recursos neste mês do que em maio.