Futebol e responsabilidade: a vida em jogo

Por Josiane Coutinho

Quem me conhece e acompanha sabe que sou uma torcedora apaixonada pelo Atlético Clube Goianiense, o poderoso Dragão Campineiro. Paixão que herdei do meu pai. E, sabendo disso, em dias de jogos inundou minhas redes sociais, afinal, sempre estou no estádio apoiando meu time.

Como qualquer torcedora sinto falta desses dias e desejo que tudo volte ao normal. Mas nos últimos dias fiz a seguinte reflexão: Não seria egoísmo da minha parte desejar tanto a volta do futebol enquanto famílias enterram entes queridos com caixões fechados?

O futebol é um mercado que movimenta muito dinheiro e os times têm por trás centenas de trabalhadores que dependem dessa movimentação. A pandemia trouxe muitas dificuldades aos dirigentes com a retirada de patrocínios. Se não há partidas e transmissões televisivas, não há visibilidade para a marca.

O campeonato alemão já está de volta e isso animou a CBF, mas há de se pontuar que vivemos cenários completamentes distintos, a começar pelo governo que dispensa comentários; eles têm Angela Merkel, e nós, Jair Bolsonaro, seu negacionismo e gripezinha. A Alemanha optou por medidas estritas de distanciamento social, incluindo a proibição de reuniões de mais de duas pessoas, analisou a crise em desenvolvimento em outros países e garantiu que seu sistema de saúde estivesse pronto. O país também possui um dos sistemas de saúde pública mais robustos do mundo. Enquanto isso no Brasil…

Pois bem, a Prefeitura de Goiânia abriu o diálogo com todos os segmentos e foi definido junto com os clubes da capital que esta semana os treinos retornariam, mas com o compromisso de seguir todos os protocolos da Organização Mundial da Saúde. Diferente da Alemanha, que trouxe aqui porque foi usada como exemplo para reforçar a “necessidade” da volta aos campos, nossa curva só aumenta e somamos mais de 30 mil mortos, sem contar as subnotificações. Será mesmo que estamos preparados para isso?

A responsabilidade agora está nas mãos dos clubes e dirigentes brasileiros. Eu como torcedora gostaria desta volta, mas com a crise sanitária que vivemos e a politização dela, não sei se este é o momento. Futebol é alegria e nosso país segue com milhares de famílias enlutadas todos os dias.

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